Num tempo em que a autenticidade parece cada vez mais difícil de alcançar no mundo dos restaurantes, a comida de verdade servida por Pedro Pena Bastos no Broto tem um encanto muito próprio. Situado no Largo Rafael Bordalo Pinheiro, ao Chiado, a sala acolhedora e luminosa onde se recebe os amigos e se põe a mesa para encontros mais alargados, almoços de família ou refeições mais intimistas é parte do ambiente descontraído que o chef quer construir neste seu novo projeto.
A identidade dos lugares é também feita de memórias e afetos e quando se cozinha a pensar no conforto e nas vivências partilhadas, muitas vezes produz-se uma experiência que convoca cheiros esquecidos ou sabores de outros tempos, ao mesmo tempo que traz algo de contemporâneo.
O nosso almoço inicia-se com terra e cacau, um cocktail discreto na aparência e vibrante na boca, com Bourbon, Vermute 7 mares, beterraba, cacau e especiarias a anunciar o tempo mais frio e o consolo de chegar a casa.
Do Broto sobressai a memorável simbiose entre um novo desconhecido e o de sempre revisitado, numa saudade do que está para vir da cozinha de Pedro Pena Bastos.
Com o couvert, começa a traçar-se um padrão: há sempre no menu do Broto uma dimensão humana, pessoal e transmissível, que é o mesmo de dizer, partilhada. A acompanhar o excelente pão de malte e trigos nacionais vem um azeite verde da região de Tomar, produção do do chef, e uma manteiga dos Açores, com óleo e pó de folha de figueira. É a paisagem a tomar forma numa visita guiada pelo território nacional à boleia dos produtos e dos seus produtores que são celebrados em cada prato e das experiências pessoais de Pedro Pena Bastos.
Para comer À MÃO, as primeiras propostas do menu que vêm aos pares, a Barriga de atum rabilho, bouquet de folhas do Quintal Urbano, tempura de algas é tão bonita como saborosa, em contraste de temperatura e texturas com as Pataniscas de lula, pickle de couve, papada de porco Alentejano que desencadeiam memórias de sabores da infância de alguns à volta da mesa.





















